B30. Quando escutamos o corpo falar, voltamos ao ser
Vestimo-nos de personas para sobreviver ao mundo.
Criamos máscaras que nos protegem da dor,
mas que também nos afastam da verdade do que somos.
Reprimimos o que sentimos — não por fraqueza,
mas porque aprendemos que sentir demais era perigoso.
Sem perceber, alimentamos um vazio que cresce no silêncio.
No início, é impercetível.
A vida segue. Os objetivos cumprem-se.
Mas há um dia em que temos tudo… e, mesmo assim, algo falta.
Falta-nos a conexão com aquilo que deixámos de escutar.
O inconsciente arquiva.
Protege-nos do que parece insuportável.
Mas quando evitamos processar a dor,
também fechamos as portas ao prazer, à alegria, ao amor profundo.
O corpo é o primeiro a dar sinais.
Antes da mente entender, o corpo já sente.
Desconfortos, fadiga, ansiedade, bloqueios —
são expressões de emoções não digeridas.
Estar consciente exige presença.
Parar.
Observar o que se move dentro de nós.
Dar nome ao que sentimos — sem julgamento, sem pressa.
Acolher a emoção, sem precisar resolvê-la.
Porque, às vezes, o maior acto de cura
é simplesmente permitir-nos sentir.
É nesse espaço de escuta que a transformação começa.
Não com o fazer, mas com o ser.